“Quando os meus avós falavam comigo em criança acerca da sua experiência de Hajj, falavam da atracção física que sentiram pelo Ka’bah, que se sentiam atraídos como que por uma força magnética”. Na instalação, Ahmed Mater evocou esse sentimento utilizando dezenas de milhares de partículas de ferro colocadas entre os campos magnéticos de dois magnetos, onde unicamente o superior era visível. Para Mater, “Magnetismo” também transmite um dos elementos essenciais do Hajj, que dita que todos os Muçulmanos são considerados iguais pelos olhos de Deus, quer sejam ricos, pobres, novos ou velhos. Assim, as partículas metálicas representam um corpo unificado de peregrinos que são em comunhão atraídos para o Ka’bah como centro do seu mundo.

O magneto cubóide negro de Ahmed Mater é um pequeno simulacro do Ka’bah coberto de negro, o “Cubo”, o elemento central dos ritos de Meca. O seu vórtice de partículas metálicas espelha em miniatura a concêntrica tawaf de peregrinos, nas suas sete camadas circundando o Ka’bah. Al-Bayt al-‘Atiq, a Casa Ancestral, outro dos nomes do Ka’bah, é ancestral – mesmo arquetípico – sob variadas formas. O cubo é o bloco de construção primário, e uma das formas mais básicas das estruturas de construção. E o Cubo, o Ka’bah, é também Bayt Allah, a Casa do Único Deus: foi construído por Abraão, o primeiro monoteísta, ou em certas versões pelo primeiro homem, Adão. Hoje e sempre o Ka’bah é um ponto focal de redenção e expiação.

“Magnetismo”, de Ahmed Mater, representa mais do que um simples simulacro dessa Ancestral Casa de Deus. A sua contradição de quadrado e círculo, espiral e cubo, de preto e branco, luz e escuridão, colocam os elementos primários de forma e tom em equilíbrio dinâmico.

Cortesia do artista e Galleria Continua