“Passagem” é um trabalho em curso que consiste de vários tecidos produzidos em máquinas transferidos de fotografias digitais, fotos instantâneas feitas com telemóveis, do asfalto urbano de várias cidades onde já vivi e trabalhei (como em Seul, Amesterdão, Anseong, Düsseldorf, Berlim e Brindisi). No terreno sólido de “Passagem”, o duro e danificado piso público é convertido em estruturas macias e intimistas. Numa exposição, os tecidos são repetidamente dobrados e cuidadosamente arrumados em mesas, prateleiras ou pedestais. Sob a forma de um “caminho” tangível, os tecidos são apresentados por um ou mais “flaneurs” executantes que desdobram infindáveis variedades de combinações, sobreposições, formas e padrões. A única informação que a audiência recebe é o nome da cidade e a percentagem de fibras utilizadas. “Passagem” é um índice fluido – e um objecto versátil que oscila entre a roupa de moda, arquivo documental ou mapa dobrável – que permanece num estado fluído de constante transição entre transformação e continuidade. O acto despreocupado de vaguear é um exercício visual e háptico de improcedência e pertença em complexas realidades contemporâneas e territórios.

“Passagem” é um trabalho não-estático e necessita ser dobrado. “Passagem” deve ser dobrado numa mesa. “Passage” pode ser dobrado em todas as direcções, excepto na diagonal. “Passagem” pode ser dobrado do direito ou do avesso. “Passagem” pode ser dobrado sozinho ou em combinação com outras malhas. “Passagem” pode ser sobreposto e empilhado, dobrado ou desdobrado. “Passagem” pode ser dobrado em diferentes intervalos. “Passagem” pode ser dobrado pelo proprietário ou por executantes. “Passagem” pode também ser dobrado num porta-cabides ou dispositivo semelhante. “Passagem” pode ser dobrado numa exposição pública ou colecção privada. “Passagem” pode ser armazenado dobrado.

Cortesia do artista