Nuvem de Pontos do Jardim Macau é uma obra de arte de Clement Valla, composta por jardins de Macau, digitalizados em 3D, e apresentados como dados de pontos em bruto. Para criar esta instalação sítio-específica, Valla pesquisou a história botânica de Macau, identificou plantas e jardins únicos e significativos, que recriou usando algoritmos, software e dados. O resultando, paisagens, míticas e cintilantes, despertaa a imaginação, emoções e reacções humanas, relembrando aos espectadores a herança natural da cidade.
O processo de Valla envolveu a captura de inúmeras fotografias com uma máquina fotográfica, caminhando lentamente pelos jardins e fazendo sequências de fotografias muito próximas no tempo e no espaço. O software analisou essas fotos, encontrou pontos em várias e usou a triangulação para colocar esses pontos no espaço, produzindo coordenadas espaciais (XYZ) e informações de cores (RGB) na forma de pontos de dados que formam uma nuvem de pontos, dando uma impressão dos jardins.
Essas imagens em movimento são conscientemente pixeladas e de baixa resolução, criando uma sensação ambígua de escala e espaço que permite aos espectadores fazerem uso da imaginação, em vez de serem sobrecarregados com informação. As imagens também pretendem ser lentas, calmas, silenciosas, algo que solicita o mesmo tipo de atenção que uma fogueira ou um ribeiro, oferecendo uma mudança de ritmo, diferente do chat de vídeo online e das redes sociais. Ao criar essas imagens da natureza baseadas no écran, o artista convida o público a reflectir sobre a nossa vida intensificada pelos écrans e a contemplar as experiências emocionais de estar no écran em contraponto com o estar na natureza.
Trabalhando a partir dos sistemas com os quais joga, obra de Valla concentra-se na relação do ser humano com as tecnologias, e em como elas nos afectam, e nos fazem ver, sentir e apreender o mundo de uma maneira diferente. Ao fazer a ponte entre a subjectividade do humano e a da máquina, o seu trabalho sugere novas formas de reconsiderar a nossa relação com o mundo que nos rodeia redor e de nos descentrarmos, em benefício do planeta em geral.
Clemente Valla
Clement Valla reside em Nova York e o seu trabalho tem em conta a forma como os sistemas de visão computacional apreendem o mundo, e o modo como a produção automatizada de imagens envolve pessoas e coisas de maneira cada vez mais complexa.
As suas obras já foram exibidas no Museu de Arte de Indianápolis; Museu da Imagem em Movimento, Nova York; Galeria Thommassen, em Gotemburgo; Galeria Bitforms, em Nova York; Projectos Mulherin + Pollard, Nova York; Galerias DAAP, Universidade de Cincinnati; 319 Scholes, Nova York; e no Museu Villa Terrace de Artes Decorativas, em Milwaukee. O seu trabalho foi citado no The Guardian, Wall Street Journal, TIME Magazine, Rhizome, Wired, The Brooklyn Rail e na televisão BBC.
Valla tem um bacharelato em Arquitectura pela Universidade de Columbia e um mestrado em Digital+Media pela Escola de Design de Rhode Island (RISD), onde é professor assistente.
Curador: Lam Sio Man
Nascida e criada em Macau e tendo vivido e trabalhado em Nova Iorque, Lam tem uma visão curadoria experiente formada pelos vibrantes ambientes culturais e comunidades artísticas das duas cidades, focando-se nas práticas contemporâneas e na produção cultural.
Com uma dupla licenciatura em Linguística Chinesa e em Artes pela Universidade de Beijing, bem como um mestrado em Administração de Artes Visuais pela Universidade de Nova Iorque, Lam trabalhou no Departamento para a Promoção das Indústrias Culturais e Criativas do Instituto Cultural de Macau, e depois na unidade de Arte Pública do Departamento de Assuntos Culturais de Nova Iorque. Em 2019, foi nomeada curadora do Pavilhão de Macau na 58ª Bienal Internacional de Arte de Veneza. Os seus projectos curatoriais foram publicados no New York Times, no Art Newspaper e no South China Morning Post, entre outros.
Photo credit: Clement Valla
Horário:
Das 6:00 às 19:00, todos os dias, incluindo feriados
Encerra à quarta-feira das 15:00 às 19:00