Nos poemas épicos de Homero, o malicioso Zeus engoliu a sua parceira grávida, a sábia Métis, para reforçar a sua própria sabedoria. Mas logo depois, sentiu uma dor de cabeça tão forte que pediu a Hefesto, o deus do fogo, que lhe abrisse a cabeça com um machado. E das profundezas da cabeça de Zeus, nasceu a personificação da racionalidade – a deusa da sabedoria, Atena.

Ao longo das várias eras da civilização, nós, seres humanos, alimentámos e acumulámos experiências, pensamentos e criações que, através das provações da vida, foram transmitidas de geração em geração. Da mesma forma, desejos mundanos, incluindo guerras, impulsionaram o avanço da tecnologia e da ciência racional.

Com o ritmo acelerado do progresso tecnológico, impulsionado pela inteligência artificial, o mundo está a passar por uma profunda transformação. A natureza inata da humanidade, as sensações intuitivas do corpo e da mente e a conexão com o mundo natural estão a ser soterradas, paralisadas e desmembradas pela tecnologia digital racionalizada que nos ultrapassou.

A humanidade, ao que parece, já só pode redescobrir a nossa fragmentada percepção primordial através dos frios écrans de vidro à nossa frente.

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Ung Vai Meng

Ung Vai Meng nasceu em Macau onde recebeu formação artística do Mestre Kam Cheong Ling. Obteve um mestrado na Academia de Belas Artes de Guangzhou e, em 2010, um doutoramento em História da Arte, na Academia de Arte da China. Em 1999, Ung Vai Meng foi nomeado o primeiro Director do Museu de Arte de Macau. Em 2010, foi nomeado Presidente do Instituto Cultural do Governo da RAE de Macau, e actualmente é Professor Convidado e Mentor de Doutoramentos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Em 2019, formou o grupo de arte “YiiMa” com o artista Chan Hin Io. Em 2022, o grupo “YiiMa” representou a RAE de Macau na 59ª Exposição Internacional de Arte La Biennale di Venezia.