Na medicina, o modelo virtual em 3D reconstruído a partir da tomografia computorizada tornou-se um elemento importante de diagnóstico. A técnica de imagem microscópica de Eric Betzig é usada para reconstruir um modelo virtual visual de alta precisão enquanto captura imagens, camada por camada, até que a amostra finalmente desapareça.

Nesse processo, é construído um substituto, numa estrutura hierárquica, representando o ser vivo. A imagem médica, como um dispositivo de armazenamento de memória, insere os nossos corpos directamente numa sociedade amplifiada e classificada, onde são examinados, no sentido tecnológico, os conceitos de corpo e identidade.

Neste ponto, o corpo não-físico está a ser novamente avaliado. Ao criar contrastes intra e extracorporais, o substituto insere o corpo físico num reino ficcional, caindo na contradição. Na sua dispersão e trocas, há insegurança potencial associada à existência individual, enquanto os significados se multiplicam e desaparecem na hierarquia. O corpo fisiológico, sob o olhar racional, torna-se absurdo e cenas adversariais, de geração e extinção, surgem em simultâneo. A geração de cada minúscula estrutura do corpo merece a nossa observação. É sobre as fontes digitais em coma, a hierarquia visível, a paralisia domesticada e o caos fictício.

Substituto de identidade: um visitante pode reactivar os batimentos cardíacos da pessoa que partiu usando os seus próprios dados de batimentos cardíacos, dando assim ao falecido mais uma identidade.

Substituto digital: Cobertura digital, visibilidade/invisibilidade e leitura incorrecta fazem parte de uma cirurgia envolvendo microscópios e imagens.  Na digitalização, a quantificação do corpo é uma armadilha ou uma solução segura?

Substituto virtual: Simulação reparativa, simulação de navegação cirúrgica, simulação-simulação, simulação-reconstrução, simulação de mecanismo de movimento, simulação de implante e simulação de geração – todos eles são um ensaio de produção teatral sobre a sobrevivência e o destino.
 

Lin Wencai
Lin Wencai é um experimentalista em Artes Sci-Tech, aluno do programa de Mestrado de Arte Experimental da Academia Central de Belas-Artes com pesquisa principal e direcção criativa em cruzamento de media e criação artística baseada em imagens médicas.
Exposições:
2022 " A arte como ponte - 2022 Bienal de Wuhan " (Wuhan, China)
2022 "2022 Exibição de Arte Asia Digital - Nave espacial Terra" (Pequim, China)
2021 "Mundo de Sci-Fi - Exposição de Conceitos de Arte em Ciência e Tecnologia", Semana de Ciência e Tecnologia de Pequim 
Exposição de arte multimédia "SURROGATES: Imagética de sintomas" 2020 (Xiamen, China)