Obras

Para Compor as Pequenas Diferenças [CMB III] (2022)
Missangas em tábua de madeira revestida com resina epóxida
100 x 200 x 6 cm

Na série “Para Compor as Pequenas Diferenças”, Gabriel Rico obtém várias fotografias de imagens de satélite do espaço profundo, mais propriamente do Fundo Cósmico de Microondas (em inglês, CMB), que são resquícios da radiação electromagnética primitiva do Big Bang, tiradas pelo telescópio Hubble em 2004. Esses dados servem de base para cada quadro em que o artista cria novas configurações das fotografias originais. Elas são divididas em quartos e depois misturadas para sugerir novos universos e possibilidades. Rico é influenciado pela Escola Atomista Grega, ou Atomismo, especificamente Demócrito, que acreditava na configuração da realidade por blocos muito pequenos a que chamava de átomos. Assim, o artista utiliza os seus próprios “átomos” na criação destas novas realidades utilizando pequeníssimas contas ou esferas de vidro.

A técnica que Rico usa nessas peças deriva das práticas culturais do povo Wixárika, do norte de Jalisco, utilizadas para representar a sua cosmologia e profundas crenças espirituais. Os Wixaritari, comummente conhecidos pelo seu nome espanhol Huicholes (huichóis), são um grupo étnico do México que vive na cordilheira de Sierra Madre Ocidental, nos estados de Nayarit, Jalisco, Zacatecas e Durango. Cada peça desta série foi feita à mão pelos membros da comunidade Wixárika, Heriberto Castro Montoya (ou Ttkitemai na língua Wixárika) e a sua esposa, Erica Bautista Bautista (ou Kupuli). Através do tema e do material, Rico procura criar um ambiente no qual os Wixaritari possam criar novos universos, de forma tangível e metafórica, através da sua própria interpretação da fotografia que lhes é fornecida, enraizada numa prática artística culturalmente significativa.
 


Gabriel Rico

Natural de Lagos de Moreno, Jalisco, México, Gabriel Rico (n. 1980) trabalha e vive em Guadalajara.

Descrevendo-se como um “ontologista com uma metodologia heurística”, Rico inter-relaciona objectos e materiais que encontra, retrabalhando-os para criar esculturas que convidam o espectador a reflectir sobre a relação entre os seres humanos e o seu ambiente natural. Por vezes usa néon, cerâmica, montagens de taxidermia, galhos de árvores e até objectos pessoais do seu próprio passado para criar uma equação ou formulação, alcançando uma geometria precisa, apesar da natureza orgânica instável dos seus materiais. As suas instalações combinam formas naturais e anti-naturais, tratadas de forma poética e irónica, com uma insistência na necessária contemplação da sua assimetria, bem como dos nossos próprios defeitos, culturais e políticos.

Recentemente, expôs o seu trabalho em museus e galerias de todo o mundo, incluindo o Museu de Arte Contemporânea Beiqiu em Nanjing, China e o Black Cube em Denver (2022); o Instituto de Arte Contemporânea em San Diego, a Galeria Perrotin em Nova Iorque; a Galeria OMR na Cidade do México (2021); a Galeria Perrotin em Paris (2020). O seu trabalho foi incluído na 58.ª Bienal de Veneza e faz parte da Korean Ceramic Foundation (KOCEF), entre outros.
 


Cedida pela Galerie Perrotin 

local: Museu de Arte de Macau
28/07/2023~29/10/2023
Praça do Tap Siac, Edif. do Instituto Cultural, Macau
tel | 28366866
fax | 28366899
email | webmaster@icm.gov.mo