A Bienal Internacional de Arte de Macau encomendou à artista Ann Hamilton a criação da obra de arte pública “Mãos emprestadas”. Fazendo do Teatro D. Pedro V em Macau (o primeiro teatro ocidental na China) o seu palco, esta obra de arte descontrói o mal-entendido entre as culturas chinesa e ocidental, replicando os processos de concepção, produção, fabrico e venda de porcelana de exportação ao longo da história. No teatro, estão expostas colecções de estátuas de Buda de estilo folclórico chinês, da autoria do artista Zhang Xiao, digitalizadas ou impressas em imagens, ou ampliadas e transformadas em esculturas de madeira. Combinando elementos de multimédia como luzes, sons, instalações interactivas e instalações de vídeo, esta obra reconstrói memórias do comércio sino-ocidental, conjugando o edifício histórico do Teatro D. Pedro V com uma embarcação mercante, um símbolo de Macau na Época dos Descobrimentos, e incorporando artefactos históricos, vestígios de figuras humanas e as experiências emocionais e interactivas do público na cabine da embarcação. Esta narrativa espacial não só incorpora detalhes dos mal-entendidos sobre as crenças religiosas, o folclore, as lendas e os intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente, como também proporciona uma interpretação visual multidimensional, sublinhando a importância histórica de Macau como ponto de encontro das culturas chinesa e ocidental e abordando, ao mesmo tempo, as incertezas do actual panorama comercial global.