Na primavera de 2021, comprei por acaso umas pedras com formas de pássaros a um feirante. O feirante disse que elas eram “pedras decorativas com forma de pombos para secretárias feitas a partir de antigas pedras Qingtian”, e que eram muito exportadas para o Japão desde os inícios dos anos 50 até meados dos anos 60. Eram no total 12 pássaros. Embora os negligenciados pássaros estivessem longe de ser delicados e até todos tivessem faces esbatidas e falhas, por exemplo, cabeças inclinadas, faces incompletas e olhos sem cor, para mim existia uma beleza rústica neles e cada um tinha a sua própria personalidade. Por esse motivo fiquei feliz por oferecer a estas pobres criaturas um abrigo.
Lembrei-me então de “Pássaro Perdido”, a colectânea de poemas de Tagore. Subitamente ocorreu-me que a colectânea de poemas que me era tão familiar tinha um nome tão solitário. Não serão estes pequenos pombos os pássaros vadios? A separação da multidão aumenta a solidão e o distanciamento, mas é também uma oportunidade para a reconexão com o nosso íntimo. Estou desejoso para interpretar o amor do mundo à minha própria maneira, embora o mundo não seja aquilo com que eu tinha sonhado.
Inscrições dos selos gravados e notas do autor:
- Pássaro Perdido
- Vagabundo
- O Sol (conversas doces no seio do universo)
- Eternidade
- Sombra (só no túnel escuro)
- Criança Inocente
- Infinidade da Poesia (a arte é a maior forma de esperança)
- A árvore busca a sua solidão no céu (não forçar a integração)
- Flores de Verão (luta pelos valores próprios de vida)
- Carimbo da morte
- Solidão (negligenciar todos os cumes de montanhas em nós próprios)
- Regresso em canções (o mundo quebrou-se em pedaços, mas a ostra tem em mente a maré)