“É melhor acender uma vela
do que amaldiçoar a escuridão.”
- Provérbio Chinês
1. O fogo é um dos elementos centrais da cultura chinesa. E foi o fogo a força inspiracional para a construção desta instalação fotográfica, onde o movimento e a fluidez que a chama ocupa nas imagens serve de alegoria para representar os recuos e avanços da globalização.
A globalização é uma inultrapassável criação dos tempos modernos, que se move em ciclos e que, como as ondas do fogo, e o calor da sua chama, não deixa ninguém indiferente.
2. Nas manifestações artísticas, as representações simbólicas têm tanto ou mais significado do que teriam se o tema fosse expresso de forma realista ou documental.
As quatro imagens deste projecto vão, pois, muito além do que mostram, e carregam um intencional significado simbólico. Enquanto objecto são aparentemente semelhantes, por representarem um pavio a arder, e uma chama que o consome. Mas, enquanto símbolo, são naturalmente diferentes, porque cada uma dessas imagens revela o movimento sequencial do fogo que, movido de uma personalidade própria, recua e avança, à semelhança do que acontece com a globalização.
3. As quatro imagens juntas, formando um todo, têm a virtualidade de nos mostrar que o caminho não é unívoco, não é uniforme, não é fácil, mas é inevitável, o que se evidencia no facto de a chama permanecer acesa.
O fenómeno da globalização é irreversível, mesmo quando ele é sentido, em cada momento histórico, em gradações diferentes, tal como acontece com o fogo deste projeto, que começa com uma chama titubeante e de menor intensidade na primeira imagem (do canto superior esquerdo), mas que se vai projectando em vigor crescente até à última imagem do conjunto (no canto inferior direito).
Em síntese, o fogo e a globalização numa paridade única e polarizadora.