Obras

Botânica #7 (2012 – 2014)
Mesa em madeira, 15 fotografias digitais, molduras em madeira e metal
100 x 100 x 120 cm

Nesta série de trabalhos intitulada “Botânica” (2012) Vasco Araújo (nasc. 1975, Lisboa) aborda um tema recorrente no seu trabalho – o colonialismo no mais amplo sentido – que lhe permite discutir e desconstruir as identidades individuais e colectivas.

Através de fotografias de plantas tropicais embutidas em mesas de madeira, o seu trabalho desafia e critica abertamente os relacionamentos institucionais e as relações sexuais indissociavelmente ligados ao poder exercido pelas nações ocidentais nas suas colónias. Este relacionamento é evidente noutras imagens também presentes, mas distinguidas pela sua moldura prateada, de soldados tocando os seios de mulheres Africanas, fotografias de exploradores com pigmeus, ou fotografias de exposições etnográficas Village Nhrou que tiveram lugar no Ocidente nos finais do século XIX e início do século XX, chamadas Zoos Humanos. Estas exposições incluídas em exposições mundiais, queriam mostrar espécies indígenas dos países colonizados. Zoologia, Botânica e Humanos. Desta forma, os povos colonizados não eram considerados humanos tal como as populações Ocidentais. Estas feiras serviam para o poder dominante rebaixar e humilhar os seus colonizados.

No entanto, o artista não se detém numa proposição dogmática. Através da combinação da mesa-objecto vista como um dispositivo activo encenando realidade e plantas exóticas encontradas nas cidades Ocidentais, incluindo Lisboa e Coimbra em Portugal, “Botânica” torna-se numa visão desconfortável do contemporâneo actual. As plantas (exótico) que penetram e se enraízam nas mesas (Ocidente), como se num acto sexual, revertem os poderes antigos e importunam os distraídos. De facto, muito do que identifica a cultura Ocidental foi retirado de outras culturas consideradas inferiores no passado recente. Este ultrajante, mas omitido e mesmo negado, processamento ou nacionalização da figura dos “Outros” reflecte-se no cinismo e falsidade que ainda pende da nossa identidade.

Cortesia do artista e Galeria Francisco Fino

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

local: “Avanços e recuos da globalização” EXPOSIÇÃO PRINCIPAL,Museu de Arte de Macau
16/07/2021~17/10/2021