Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023


“Arte Macau” é um evento internacional de arte organizado pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau, integrando recursos de vários sectores da R.A.E., com o objectivo de reunir forças criativas globais na produção de um evento bienal de referência em toda a cidade. O renomado curador Qiu Zhijie é o curador principal da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, que adoptou o tema “A Estatística da Fortuna”, para reflectir sobre as expectativas e preocupações derivadas do desenvolvimento da ciência e tecnologia, e explorar os embates e interacções entre ciência e religião. Do verão ao outono, através de oito secções, nomeadamente: a Exposição Principal, a Exposição de Arte Pública, o Pavilhão da Cidade, a Exposição Especial, a Exposição de Artistas Locais por Convite, o Projecto de Curadoria Local, a Exposição de Arte de Instituições de Ensino Superior e a Exposição Colateral, serão apresentadas por toda a cidade 30 mostras de arte. Numa ampla montra de obras-primas modernas e contemporâneas, vibrantes e representativas, dos mais de 200 artistas de mais de 20 países e regiões, oferecendo aos visitantes a possibilidade de experimentarem a amplitude e a profundidade da arte e, ao mesmo tempo, embarcarem numa grande viagem estética. O objectivo é elevar a um novo patamar o ambiente cultural e artístico de Macau como cidade famosa pelo seu Património Mundial.

“Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023” Mensagem

A “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023” arranca neste Verão, apresentando ao público um prazer visual de três meses. Toda a cidade de Macau torna-se um palco de exibição de artes onde uma ampla variedade de eventos artísticos e obras diversificadas serão apresentadas e as ideias criativas terão uma oportunidade de intercâmbio sinérgico. Uma série de exposições de nível internacional constituir-se-á como uma grande força cultural que transforme Macau numa deslumbrante plataforma internacional de intercâmbio artístico, destacando a prosperidade social criada pela cultura. 

A “Arte Macau” criou um modelo de cooperação conjunta que conta com a participação do Governo, das empresas, dos artistas e do público, pretendendo, através dos recursos artísticos mundiais, enriquecer a vida quotidiana dos residentes e optimizar a ecologia cultural de Macau. Após as primeiras duas edições, a “Bienal Internacional de Arte de Macau” tornou-se uma nova notoriedade para o turismo cultural de Macau. Este ano, para além de continuar a colaborar com as empresas integradas de turismo e lazer, vários consulados gerais em Hong Kong e Macau e as instituições de ensino superior locais e do Interior da China, foram criadas ainda várias secções especiais para a participação de equipas curadorias, artistas e empresas locais, de modo a reforçar a divulgação e a influência das criações locais e estabelecer uma base sólida para a construção cultural e o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas de Macau. A Bienal Internacional de Arte não apenas oferece uma oportunidade aos residentes e turistas para desfrutar do festival das artes, mas também contribui para o desenvolvimento diversificado da indústria. 

Nos últimos anos, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) tem vindo a planear e desenvolver a construção de “uma Base de Intercâmbio e Cooperação para a Promoção da Coexistência Multicultural, com Predominância da Cultura Chinesa”, utilizando Macau como uma janela e ponte de ligação para impulsionar, de forma contínua, a promoção, a divulgação da cultura, bem como o intercâmbio e a compreensão mútua de cultura, potenciando a utilização dos recursos culturais para que os mesmos sejam transformados numa energia que fortalece a inovação, no sentido de promover o desenvolvimento da “cultura +”. Com vista a acelerar a conversão industrial, o Governo da RAEM empenha-se em colaborar estreitamente com todos os sectores da sociedade, em especial combinando com os pontos fortes e as capacidades das empresas integradas de turismo e lazer de Macau. A “Arte Macau” é o bom exemplo dessa interligação que visa demonstrar a vitalidade humana através de recursos artísticos mundiais e do encontro de artistas internacionais de renome, bem como estimular o desenvolvimento diversificado da cidade, conduzindo a um novo rumo de desenvolvimento e de integração da “Cultura +”.

Por ocasião da solene inauguração da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, gostaria de endereçar as minhas mais calorosas felicitações, aos curadores, artistas e às organizações participantes e apoiantes, os meus sinceros agradecimentos pelos seus contributos . Espero que a “Arte Macau” possa apresentar ao mundo o dinamismo cultural e o desenvolvimento inovador de Macau. 

Por fim, faço votos de que o evento seja coroado de êxito!

Ao Ieong U      
Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo da Região Administrativa Especial de Macau

 

“Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023” Prefácio


Coisas bonitas acontecendo na cidade fazem-na bonita.

“A beleza de uma única flor desabrochando atrai menos do que a de muitas desabrochando juntas.” Para apresentar a grande beleza de várias artes de origens diversas, o Governo da Região Administrativa Especial de Macau criou a “Arte Macau”, em 2019. Ao integrar recursos de vários sectores, o projecto visa conectar-se com tendências artísticas internacionais, cultivar forças criativas locais, integrar multiperspectivas culturais, num esforço para produzir uma bienal de arte internacional de eleição, com profundidade histórica e cultural e uma amplitude humanista contemporânea. 


O reputado curador Qiu Zhijie é novamente o curador principal da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, que adoptou o tema “A Estatística da Fortuna”,  para reflectir sobre os desafios e oportunidades no mundo. Mais de 200 artistas contemporâneos de mais de 20 países e regiões em todo o mundo embarcarão numa exploração estética em larga escala sobre ciência e  religião. De Julho a Outubro, através de oito secções - a saber, Exposição Principal, Exposição de Arte Pública, Pavilhão da Cidade, Exposição Especial, Exposição de Artistas Locais por Convite, Projecto de Curadoria Local, Exposição de Arte de Instituições de Ensino Superior e Exposição Colateral, cerca de 30 exposições de arte serão inauguradas em sucessão, transformando a cidade num paraíso artístico entretecendo estética e filosofia.

A Exposição Principal no Museu de Arte de Macau (MAM) reúne mais de cem obras de 42 artistas de mais de dez países da Ásia, Europa e América, bem como o Interior da China, Hong Kong, Macau e Taiwan, que incluem pintura, fotografia, obras de IA e grandes instalações multimédia. Desde a reconstrução contemporânea de mitos antigos, apresentação artística de conceitos filosóficos, reflexão figurativa sobre a relação homem-máquina, até à ousada assunção da própria estrutura da vida... O choque de ideias antigas e modernas e a fusão de imagens Chinesas e Ocidentais irão certamente desencadear uma imaginação infinita e profunda inspiração.

A Exposição de Artistas Locais por Convite é uma exposição conjunta de obras encomendadas pelas seis grandes empresas de turismo e lazer integradas de Macau. Uma vitrina das forças da elite criativa local, com uma representatividade evidente. É ainda mais significativa, em termos de promoção da colaboração entre empresas e artistas.
A Exposição de Arte Pública apresenta seis peças ao ar livre, de artistas da China, Israel, Estados Unidos, México, África do Sul, Índia, Reino Unido e Coreia. A aplicação de princípios ópticos e elementos naturais, combinados com símbolos religiosos e totens culturais, resultou numa série de explorações artísticas entretecidas no ecossistema cultural local, o que é engenhoso e nos provoca mentalmente. 


As Exposições Especiais, organizadas pelas seis grandes empresas de turismo e lazer integradas, incluem mostras de arte do artista nascido-Chinês Hsiao Chin (Xiao Qin), do artista de graffiti londrino, Mr Doodle, juntamente com a conhecida marca Japonesa BE@RBRICK, assim como nos diálogos para além do tempo e do espaço com Da Vinci, na homenagem aos personagens icónicos da Disney e um tour virtual do Palácio de Versailhes. Sendo ao mesmo tempo intelectual e divertido, tudo isto se pode tornar numa excelente oferta turística cultural, destacando o apelo de lazer, em Macau.

O Pavilhão da Cidade apresentará exposições temáticas de quatro cidades da Eurásia, incluindo: Vila Nova de Cerveira, em Portugal, famosa pela sua bienal internacional de arte; Londres, metrópole repleta de arquitecturas experimentalistas; Quioto, rica tanto em atmosfera de arte tradicional como em espírito inovador; e Shenzhen, a “cidade do design”. A cultura urbana única de cada cidade irá gerar reacções químicas maravilhosas com o tema desta edição, promovendo assim uma secção única com individualidade distinta e uma rica imagética. Não só acentua a diversidade da “Arte Macau”, mas também torna-se um destaque desta Bienal.

O Projecto de Curadoria Local é um importante projecto do Governo da R.A.E. de Macau, para promover o desenvolvimento das artes locais. Oferece um palco para curadores e artistas locais mostrarem as suas ideias e talentos, visando estimular a criatividade e é, de facto, um evento maravilhoso que se aguarda com grande expectativa. 

A Exposição de Arte das Instituições de Ensino Superior tenta melhorar o ambiente criativo entre a juventude local, convidando as quatro principais academias de arte do Continente a participarem, promovendo intercâmbios artísticos interdisciplinares e inter-escolares, ao mesmo tempo que injecta uma vitalidade inovadora na “Bienal Internacional de Arte de Macau”, para impulsionar o seu desenvolvimento. 

Finalmente, a Exposição Colateral é uma nova secção destinada a incentivar a industrialização das artes locais, convidando galerias e instituições comerciais já estabelecidas a participarem, a fim de enriquecerem as suas experiências artísticas e aumentar a consciencialização do público sobre o mercado de arte local.

Em suma, a “Arte Macau 2023”, centrada nas questões humanas, actuais e mais antigas, tem feito avanços tanto a nível internacional como local: não só foram criadas a Exposição de Artistas Locais por Convite, o Projecto de Curadoria Local e a Exposição Colateral, mas também aumentou significativamente a quota de obras de artistas internacionais, ampliando assim o acesso a uma rede global de arte.

Esta é uma iniciativa importante do Governo da R.A.E. de Macau, para desenvolver ainda mais Macau como “uma base de intercâmbio e cooperação, onde a cultura Chinesa é dominante e coexistem diversas culturas”, com o objectivo de melhorar as experiências culturais e turísticas em Macau, como um “centro mundial de turismo e lazer”, fazer desabrochar o ADN criativo da cidade e dar um forte impulso cultural e artístico ao desenvolvimento de longo prazo da indústria cultural local.

Este ano, do Verão ao Outono, Macau vai tornar-se um jardim de artes, que “floresce com a beleza da diversidade”. Vamos encontrá-lo em cada esquina da cidade e compartilhar essa beleza.


Leong Wai Man
Presidente do Instituto Cultural do Governo da Região Administrativa Especial de Macau

A Estatística da Fortuna “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023” Nota do Curador Principal

 

A chegada de Matteo Ricci, um missionário jesuíta italiano, a Macau em 1582 foi um marco na história das trocas culturais entre a China e o Ocidente. Na China, Ricci colaborou com Li Zhizao e outros para desenhar o Kunyu wanguo quantu (Mapa Geográfico Completo de Dez Mil Países) e dedicou-o ao Imperador Wanli, da Dinastia Ming. Também colaborou com Xu Guangqi para traduzir parte dos Elementos de Geometria, de Euclides, iniciando assim o processo de disseminação do conhecimento científico ocidental moderno na China imperial. E sendo Matteo Ricci um missionário jesuíta, sabe-se que a ciência veio junto com a religião.

A singular posição geográfica de Macau colocou-a na vanguarda dos intercâmbios globais de conhecimentos, crenças religiosas e costumes. O budismo, o taoísmo, a crença em A-Má e o catolicismo europeu têm sido praticados lado a lado em Macau, pelo povo chinês e por várias comunidades estrangeiras com diferentes crenças, moldando assim o carácter distintivo da cidade de coexistência pela diversidade. Nos tempos modernos e contemporâneos, o surgimento da indústria do jogo tem levado as pessoas a investigarem mais sobre o destino, a fortuna, o acaso e a fatalidade. Portanto, a adivinhação, assim como afugentar os espíritos malignos de casa (Zhenzhai) e a geomancia (Kanyu), tornaram-se mais presentes no nosso quotidiano.

Além disso, em Macau a ciência moderna e o pensamento tradicional colidiram fortemente. Muito cheia de lendas de demónios e deuses, a cidade também se desencantou com o surgimento da ciência moderna. O poder da razão instrumental, do comércio e do dinheiro, juntamente com o poderio militar possibilitado pelo armamento moderno, removeu ao longo de séculos a escuridão no mundo espiritual, remodelando a humanidade numa nova espécie que acredita em provas, dados e estatísticas. Na obra China: Uma Macro História, o historiador Huang Renyu (Ray Huang) lamenta o fracasso da governação na sociedade tradicional chinesa, argumentando que a sua principal desvantagem foi não administrar através de números. Em contraste, o mundo moderno era governado por números, medições e estatísticas.

A história da ciência confunde-se com a da espiritualidade humana. A Casa da Sabedoria Abássida, (Bayt al-Ḥikmah), também conhecida como a Grande Biblioteca de Bagdad, promoveu a ciência na Era de Ouro Islâmica; mais ou menos ao mesmo tempo, Yixing, um monge da Dinastia Tang mediu o comprimento da linha do meridiano. Isaac Newton foi o primeiro cientista do mundo e o seu último alquimista. Em 1818, em Veneza, a escritora inglesa Mary Shelley escreveu Frankenstein, considerado o último romance gótico e o primeiro de ficção científica. A história da ciência está repleta do demónio Cartesiano, do demónio de Maxwell e do demónio de Laplace. Entretanto, hoje, o Fengshui e a geomancia (Kanyu) estão a ser transformados em disciplinas ambientais e ecológicas, enquanto a adivinhação se torna previsão utilizando os megadados, providenciando orientações sobre casamento, emprego e escolha da casa ideal. A maior preocupação das pessoas hoje é se a Inteligência Artificial (AI), está a criar novos demónios e se a manipulação de genes pode gerar monstros inesperados.

A ciência natural moderna baseia-se na experiência empírica e nas estatísticas, com estas últimas a contribuirem para consolidar o poder do comércio e do dinheiro. Hoje, a inteligência artificial (IA) e os megadados exploram ao máximo a função das estatísticas. Mas tentar prever o futuro por adivinhação e outros meios também se baseia num conhecimento estatístico subjacente. Portanto, há um fundamento similar que é compartilhado tanto pelas crenças populares como pela racionalidade.

Com o tema A Estatística da Fortuna, a “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, pretende explorar a correlação entre ciência e religião. Desde os tempos antigos, a pesquisa “científica” tem estado intimamente ligada às actividades religiosas, e nos anais da ciência ainda há muitos mistérios sem solução. Por outro lado, as actividades religiosas geralmente tendem a parecer empíricas e enfatizam o factor mental como um elemento interactivo nas estatísticas. Dito isto, procuramos seguir aqui obras de arte que explorem as tradições religiosas sob uma nova luz, e aquelas que reflectem sobre a história da tecnologia, a partir de uma perspectiva profunda e humanística.

Qiu Zhijie 
Curador Principal da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”